quarta-feira, 17 de junho de 2015

1924 - A Terceira Geração


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CORREIO  DO POVO – PORTO ALEGRE – RS SEXTA FEIRA 08.02.1924

MANCHETE: Política Rio-Grandense: Prosseguem os preparativos para a campanha eleitoral.. O Partido Republicano Riograndense e o Partido, Federalista estão em acirrada disputa para as eleições municipais. Noticia-se o alistamento eleitoral e festividades realizadas pelos governistas e oposicionistas, como pic-nics, abates de reses, capões, vaccas, em diversas cidades do interior do estado.

Em Caxias, o Dr. Celeste Gobbato foi eleito para o período de 1924 a 1928. Sucedeu o Coronel José Penna de Moraes, que permaneceu por três períodos como intendente, tendo assumido em 1912 a 1916, reeleito para o período de 1916 a 1920 e de 1920 a 1924. Celeste Gobbato, nascido em Treviso, Itália, era doutor em ciências agrárias e chegou ao estado em 1912. Foi indicado pelo chefe do governo estadual e confirmado pelo voto.

No governo estadual, Antônio Augusto Borges de Medeiros fora reeleito em 1922, derrotando a Assis Brasil. O estado estava dividido entre os CHIMANGOS ou PICA-PAUS, como eram chamados os Republicanos Legalistas, liderados por Borges de Medeiros e os MARAGATOS Parlamentaristas, liderados por Assis Brasil.

O Presidente Artur Bernardes governa sob estado de sítio. Começa a Coluna Prestes e a rebelião dos tenentes em São Paulo – Tenentismo. Era a Primeira República, que terminaria com a Revolução de 30, quando Getúlio Vargas assumiria o poder.

Nesta data, 08 de fevereiro de 1924, nascia Reynaldo (Variante de Reginaldo – o que governa por meio de conselhos) Lansarin, filho de Guerino (Defensor) Lansarin (batizado como Angelo Guerino Lanzarin) e Justina Ruffato Lanzarin. Sua cidade ainda se chamava Caxias, que só viria a ser chamada Caxias do Sul em 1944. Depois nasceram seus irmãos, Remo, Orlando, Norma e Julieta.

Guerino Lanzarin e Justina Ruffato casaram-se aos 4 de junho de 1921, na Paróquia de Santa Tereza, ele com 26 anos e ela com 20 anos de idade, nascida e moradora do Curato da Conceição de Caxias, filha de Paulo Ruffato e Angela Betiato. No registro civil, consta o assento de casamento com data de 04 de dezembro de 1923. O primeiro filho do casal, Armando Alcides, faleceu com apenas 3 dias, em 27 de julho de 1923. Na certidão de óbito só consta o nome da mãe, Justina Ruffato.

O pai de Guerino, João Lanzarin, vindo da Itália com o nome de Francesco Giovanni Lanzarini, foi, junto com seu pai, o imigrante que cruzou o Oceano Atlântico, a bordo do vapor francês Belgrano de 3.500 toneladas, conduzido do porto de Le Havre – Norte da França - para o Rio de Janeiro, sob o comando do Capitão Vasse, saída em 17 de dezembro de 1877, com 514 passageiros a bordo. Saindo da comune de Borso del Grappa, mais especificamente de Santa Eulália di Borso del Grappa, Treviso, eles se deslocaram via terrestre até o porto de Le Havre, na França e daí ao Rio de Janeiro:


Os portos mais seguros para embarque eram os franceses, porque na Itália uma circular do ministro Lanza em 18/01/1873 exigia muitas formalidades aos imigrantes. Além disso, quem partia da França, era favorecido, pois a legislação francesa, ao contrário da italiana, previa que a bordo dos navios houvesse a presença de médicos e remédios. Eis porque, especialmente entre 1875 e 1876, as partidas para o Brasil aconteceram sobretudo de Marselha e Le Havre. As passagens eram gratuitas. 

Em 1878, houve suspensão dos contratos entre o governo brasileiro e os empresários engajadores e com isso se acabou a gratuidade das passagens.

A cidade de Rovereto era o encontro de todos os imigrantes dos vales trentinos.

Chegavam de diversas localidades, quase sempre conduzidos por carroças ou carros de boi. 

O trem partia para a cidade de Verona. No outro dia pela manhã, a viagem prosseguiu com destino à cidade de Modane, já agora em território francês.
   
À tarde, a partida com destino a Paris. A viagem atravessa todo o território francês e, ao entardecer do dia seguinte, chegam em Paris.

Por volta das 11 horas da noite, parte o trem de Paris com seu destino final: o Porto de Le Havre. Na manhã do dia seguinte, a chegada ao porto.

Durante a viagem ocorreram 8 falecimentos. A chegada ao Rio de Janeiro ocorreu em 10 de janeiro de 1878. 

A viagem foi financiada pelo Governo Imperial Brasileiro, através do contrato com Joaquim CAETANO PINTO Junior da Companhia Caetano Pinto Irmãos e Cia, com a condição de introduzir no Brasil, num período de 10 anos, 100.000 imigrantes alemães, austríacos, italianos do norte, bascos, belgas, suecos, dinamarqueses e franceses, agricultores sadios, trabalhadores de boa moral, nunca menores de 2 anos, nem maiores de 45, salvo os chefes de família.... O empresário receberá, por adulto, as seguintes subvenções: 120$000 réis para os 50.000 imigrados; 100$000 réis para os 25.000 sucessivos; 60$000 réis para os últimos 25.000 , e a metade destas subvenções para os menores de 12 anos e maiores de 2.

Outras exigências eram que o colonizador devia ser casado, com numerosa família, para rapidamente aumentar a densidade populacional das áreas destinadas à colonização. A família LANZARIN pode ser considerada com o título de COLONIZADORES PIONEIROS, os primeiros corajosos a atravessar o Atlântico, sem nenhuma base familiar lhes antecedendo, uma vez que vieram no período que corresponde a Colônia Provincial, que foi de janeiro de 1875 a 12 de abril de 1884, quando a colônia se desmembrou da Província e tornou-se o 5º Distrito de São Sebastião do Caí.

Teria nascido no Brasil o SEBASTIANO. Não se sabe a data. Ver nos registros de Bento Gonçalves.

Chegando a Porto Alegre, a família continuou rumo a “terra da cocagna”, novamente de barco, até São Sebastião do Caí, penetrando na Estrada Rio Branco, a Estrada dos Imigrantes, em direção ao Barracão, construção que lhes serviria de abrigo enquanto aguardavam que a Comissão de Terras lhes destinasse seu lote colonial. Quando eles chegaram, em 1878, a viagem à Colônia Caxias já não tinha grandes obstáculos a vencer, pois o caminho era feito entre as glebas existentes anteriormente, os bugres não existiam e em caso de necessidade, havia a solidariedade dos colonos que aqui já se encontravam, pois sabiam o que tinham passado anteriormente, e mesmo sendo germânicos ou de origem semelhante, não estavam mais em seus países onde viviam em constantes lutas (Adami, 1962).








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